Saúde
A mulher influencia nos cuidados do homem com a saúde?
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O mês de novembro fica tradicionalmente azul para chamar a atenção da população masculina para o cuidado com a saúde. O alerta é importante, tendo em vista que o diagnóstico precoce melhora o prognóstico do tratamento na maioria dos casos. De acordo com pesquisa realizada em 2015 pelo Ministério da Saúde, 31% dos participantes responderam não ter o hábito de ir ao médico. Além disso, outro levantamento realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem da Secretaria de Saúde de São Paulo aponta que quando procuram um consultório, 70% dos homens estão acompanhados de mulheres e filhos.
Assim, torna-se importante trazer à tona os motivos dessa diferença no cuidado com a saúde, bem como a influência que as mulheres ainda têm nessa busca do homem por atendimento médico. “A consulta com o ginecologista inicia assim que desce a primeira menstruação e ocorre anualmente, motivada pela prevenção do câncer de colo uterino”, relata a ginecologista do Hospital da Mulher Anchieta, Dra. Renata Gobato.
A médica diz ainda que durante a consulta, além dos cuidados com a saúde ginecológica, outros pontos são tratados como a saúde metabólica, o incentivo à prática física e à alimentação saudável. “A paciente acaba transferindo esses cuidados para a rotina da casa, tanto para os filhos quanto para o companheiro”, pontua.
Sobre a diferença na procura por atendimento médico, a ginecologista disse acreditar que, por exemplo, na época da puberdade, diferente das mulheres, que têm o marco com o início da menstruação, com os homens, o paciente deixa de ir ao pediatra e muitas vezes ainda não iniciou a vida sexual, ficando sem saber qual médico procurar. “Muitas vezes o homem só vai procurar o urologista se tiver algum sintoma com o aparelho genital ou caso haja uma dificuldade de engravidar a parceira, e caso nenhuma dessas coisas ocorra, apenas aos 50 anos para iniciar a prevenção do câncer de próstata”, explica a médica.
Outro ponto é a questão cultural. “Ainda é importante que seja falado para esse público que a consulta médica deve existir para prevenção de sintomas e não apenas com objetivo terapêutico. No nosso país ainda temos a cultura de procurar a consulta médica apenas quando sentimos algo”, alerta a especialista.
Envolvimento no pré-natal
A ideia de que o pré-natal é uma fase apenas da mulher está ultrapassada. Prova disso são os resultados da Pesquisa Saúde do Homem, Paternidade e Cuidado, realizada pelo Ministério da Saúde, em 2018, que aponta que quase 73% dos pais ou cuidadores entrevistados participaram das consultas de pré-natal. Ainda segundo a pesquisa, 80% deles afirmaram que esse envolvimento os motivaram a cuidar melhor da própria saúde.
Esse cenário também é endossado pela Dra. Renata Gobato. “Tenho observado nas consultas de pré-natal maior regularidade da presença paterna, o que é excelente e fundamental para esse momento”. A médica explica que a gravidez modifica em diversos aspectos a saúde física e mental da paciente, e é essencial que o companheiro esteja presente para auxiliar no que for necessário.
Outro fator importante está relacionado ao nascimento do “sentimento paterno”. “Geralmente o homem se sente verdadeiramente pai, no momento do nascimento do filho, diferente da mulher que se sente mãe já durante a gravidez. Mas no acompanhamento de pré-natal, onde é possível ouvir os batimentos do feto, acompanhar os exames de imagem e crescimento do bebê, ocorre uma maior conexão desse futuro pai com a paternidade”, destaca a ginecologista.